Da cultura popular do nordeste surge o repente do Trupizupe O maior cantadô de todos os desafios e nunca perdeu uma peleja
O meu nome é Trupizupe Sou um galo de campina Me chamam Trupizupe O raio da Silibrina
Eu não digo à ninguém que sou valente Vivo longe dos brutos desordeiros Sei tratar muito bem meus companheiros Mas se um dia eu ficar de sangue quente Chegarei no inferno de repente Faço o diabo chefão virar mulher Mando logo prender a lúcifer Solto alma de deuses e pagãos Se o cão cocho cair nas minhas mãos Só se salta com vida se eu quiser
Qualquer dia do ano se eu puder Para o céu eu farei minha jornada E como a lua já está desvirginada Olha eu posso toma-la por mulher Se acaso São Jorge não quiser Olha eu tomo o cavalo que ele tem Se a lua quiser me amar também Dou-lhe um beijo nas tranças do cabelo Deixo o santo com dor de cotovelo Sem cavalo, sem lua e sem ninguém
Sou o bote da cobra caninana Sou dentada de tigre enraivecido Sou granada que solta um estampido Que se escuta por mais de uma semana Sou picada de abelha italiana Sou a bala que acerta o meio da testa Sou incêndio que arrasa uma floresta Sou a bruta explosão da dinamite Sou micróbio feroz da meningite Liquidando com gente que não presta
Dei um murro nas ventas de um mal poeta Que a cabeça voou fez piruetas Passando por todos os planetas Foi parar num reinado de um profeta Disse um santo que viu ficou pateta A cabeça do cabra estava um facho Uma alma gritou: “Ô velho macho!” São Pedro falou: “O que é isto?” Disse um anjo que estava junto à Cristo: “É Zé Ramalho zangado lá embaixo!”
Compositor: Braulio Fernandes Tavares Neto (ABRAMUS)Publicado em 2023 (14/Set) e lançado em 1923 (10/Jan)ECAD verificado obra #2001485 e fonograma #45816515 em 01/Abr/2024 com dados da UBEM