Meu pai chegou aqui num fim de dia, Há muito tempo em cima de um cavalo E era pobre e moço e só queria Semear de calo as mãos de plantador Com minha mãe casou-se assim que pode Acharam um rancho no jeito e na cor Da terra boa e semeou o milho E semeou os filhos, e semeou o amor
E assim a vida foi-se como um rio Meu pai dizia, um dia será mar E toda noite reunia a prole E tinha cantorias para se cantar Não era fácil a lida mas valia Porque um homem precisa lutar Nem quando a morte nos levou Rosinha A mais pequenininha deu pra fraquejar
De sol a sol, o braço no trabalho Foi como um laço mas nunca sonhou Por isso Pedro, nosso irmão mais velho Foi para cidade e nunca mais voltou Mariazinha se casou bem moça E foi com Bento homem trabalhador Mas veio um tempo negro em sua vida Ele garrou na pinga e nunca mais largou
Uma cegueira triste Certo dia nos olhos calmos do meu pai entrou Varreu as cores do seu pensamento Ele deitou na cama e nunca mais falou A minha mãe mulher de raça forte Pegou nas rédeas com as duas mãos E eu me enterrei de alma na viola Onde plantei tristezas e colhi canções
Por isso mesmo amigo é que eu lhe digo Não tem sentido em peito de cantor Brotar o riso onde foi semeada A consciência viva do que é a dor
Compositor: Renato Teixeira de Oliveira (Renato Teixeira) (ABRAMUS)Editor: Universal Music Publishing Mgb Brasil Ltda (UBC)Publicado em 2010 (18/Ago) e lançado em 2010 (01/Set)ECAD verificado obra #32331 e fonograma #1764377 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM