Em 8 de agosto de 1994, o Oasis lançava “Live Forever”, terceiro single de "Definitely Maybe" — álbum de estreia da banda e que, não só marcou época, como praticamente desenhou os anos 90.

Mais de três décadas depois, a faixa continua ecoando forte na história do Oasis — e, principalmente, na de Liam Gallagher, que já confessou inúmeras vezes que essa é a sua canção favorita da banda.

Mas como nasceu um dos maiores hinos britânicos de todos os tempos?

Voltemos a 1991, quando seu irmão (e o grande compositor do grupo), Noel Gallagher, trabalhava em uma loja de materiais de construção e sofreu um acidente, sendo deslocado para um setor que ficava em um armazém.

Foi ali, entre ferramentas e caixas empilhadas, que ele começou a moldar a música que ajudaria a mudar o destino dos Gallagher.



A melodia vocal teve inspiração direta em “Shine A Light”, dos Rolling Stones, mais especificamente no verso “May the good Lord shine a light on you”. Mas a verdadeira faísca criativa veio de outro lugar: o clima sombrio que o grunge pregava naqueles tempos.

Na época, críticas e letras pasadas — como “I Hate Myself And I Want To Die”, do Nirvana — dominavam o cenário. Foi aí que Noel resolveu remar contra a maré.

Apesar de gostar da banda liderada por Kurt Cobain, o músico se sentiu inspirado por um outro tipo de mensagem que gostaria de passar aos jovens na ocasião: “Ah, eu não vou aceitar essa porra. Por mais que eu goste pra caralho dele [Kurt Cobain] e tudo mais, eu não vou aceitar isso. Não dá pra ter gente assim vindo aqui, chapada em heroína, dizendo que se odeia e que quer morrer. Isso é uma merda. Os jovens não precisam ouvir esse tipo de bobagem.”

“Meu jeito de pensar era: ‘Eu me amo pra caramba, e vou viver pra sempre, cara!'”, explicou ele sobre a composição da letra.

Noel apresentou a canção durante um ensaio da banda, deixando os outros integrantes incrédulos com o fato de ele a ter criado. "Nem ferrando que essa música é sua", disse o guitarrista Paul Arthur (Bonehead), também fundador do Oasis, na época.

"Eu não acreditava que alguém fosse capaz de chegar, dizendo: ‘Deixa eu tocar uma das minhas canções' e ela ser ‘Live Forever'. Eu falei, tipo: ‘Vai se ferrar, você não escreveu isso'. Ele [Noel] falou: ‘Por que não?' E eu respondi: ‘Escuta essa música!'. Eu pensei na hora: ‘Uau, que música!'", explicou Bonehead em um documentário da banda.



O destino do Oasis deu uma guinada após uma apresentação no lendário King Tut's Wah Wah Hut, em Glasgow. Alan McGee, dono da Creation Records, assistiu à banda, gostou e a contratou na hora. O resto é história — daquelas que até quem não é fã conhece.

Quando foram gravar a música, o produtor Owen Morris decidiu dar um toque final: tirou um solo de guitarra de Noel e colocou uma batida de bateria no lugar. Simples e genial.

A capa de "Live Forever" exibe a casa de infância de John Lennon em Liverpool. A música consolidou a banda no cenário musical ao atingir o décimo lugar nas paradas britânicas.

Oasis


Nos anos recentes, "Live Forever" adquiriu um simbolismo de resistência e esperança, especialmente após o ataque terrorista em Manchester em 2017.

Durante o show de tributo, Liam Gallagher, acompanhado de Chris Martin, do Coldplay, reinterpretou a música. Desde então, ele frequentemente a performa de forma acústica em seus shows solos, destacando essa obra como um hino atemporal.