Nem assaz alhures e antanho Era um evento tamanho A sagração nupcial Vinha a noiva de gargantilha Caçoleta e rendilha Diadema e torçal
Mas se houvesse algum embaraço Dera a moça um mau passo Quanto horror e desdém Ela ia parar no convento Ia dormir ao relento Ou deitar nos trilhos do trem
Do pudor da noiva a bandeira Após a noite primeira Desfraldava-se ao sol A sua virtude escarlate Igual brasão de tomate Enobrecendo o lençol
Mas se não houvesse tal mancha É que outra mancha mais ancha Se ocultava por trás E o rapaz pagava o malogro Com a vendeta do sogro Ou com a malícia dos mortais
"Oh meu pai, oh meu pai, por favor Condenai o nosso amor De langor e luxúria! Mas poupai, oh meu pai Nosso filho Da fúria do Senhor!"
O guri nasceu apressado Nem um mês de casado Tinha quem o gerou Quando o pai caiu nos infernos Foi nos braços maternos Que ele se pendurou
Quando a mãe caiu na sarjeta Foi seguindo a opereta Na garupa do avô Quando o avô caiu do cavalo Foi chorar no intervalo E mais um ato começou
Palhaço, corista Trapézio, dançarina Maestro, cortina É fé na flauta e pé na pista
Compositores: Eduardo de Goes Lobo (Edu Lobo) (ABRAMUS), Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC)Editores: Lobo Music Producoes Artisticas Ltda. (ABRAMUS), Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2018 (01/Ago) e lançado em 2014 (01/Ago)ECAD verificado obra #21897 e fonograma #16330076 em 23/Out/2024 com dados da UBEM