Eu nasci como nasce quarqué vagabundo Até hoje eu não soube quem foram meus pais Eu cresci nas tabernas ao som das garrafas Pescando de linha na beira do cais
Se almoço eu não janto, se janto eu não sei Pra mim é o bastante comer uma vez Pra casa eu não levo nenhum desaforo Eu visito a cadeia dez vezes por mês
Nas noites escuras se eu tenho dinheiro Às vezes me enfio num grosso pifão Nas noites de lua me encosto na esquina Cantando modinha com meu violão
Lá pra meia-noite que o sono me aperta Então eu me deito em quarqué lugar As pedras da rua são meu travesseiro E a porta da igreja me serve de lar
Se saio na rua disposto a brigar Todos se intimidam da minha navalha E assim vou vivendo sem era, nem bêra Gozando as delícias da vida canalha
Lenço no pescoço, cigarro no queixo Chapéu desabado, viola na mão Se encontro uma briga já vou provocando E se topo, a poeira levanta do chão
Eu já quase apanhei por quatro indivíduo Numa briga que eu fiz no bar do café Valeu a firmeza que eu tenho no pulso Valeu a destreza que eu tenho no pé
Dei uma pernada que o chapéu voou Era levantar e tornar cair Faço isso pra dar trabalho a polícia Enquanto que a morte não lembra de mim
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho) (SBACEM)Editor: Irmaos Vitale (SOCINPRO)Publicado em 1997 (02/Jul) e lançado em 1996 (01/Set)ECAD verificado obra #34603 e fonograma #1056269 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM